sábado, 19 de janeiro de 2013

REFLEXO DA CRISE ECONOMICA EM CABO VERDE

foto de uma vendedeira no mercado de Plateau
Num mundo globalizado e uma economia aberta dependendo do exterior, particularmente do espaço europeu, Cabo Verde está a sentir os efeitos da crise financeira internacional. A análise é do antigo Governador do Banco Central, Olavo Correia.
Olavo Correia, antigo Governador do Banco de Cabo Verde, hoje presidente da Associação Cabo-verdiana de Promotores Imobiliários Turísticos (PROMITUR) e a Ministra das Finanças, Cristina Duarte, concordam num aspeto: a crise tem tido impacto em Cabo Verde desde 2008. No entanto, a Ministra Cristina Duarte advoga que apesar de estar a ser afetada pela crise internacional, a economia cabo-verdiana não está em crise. "Não estamos em crise, porque tomamos as medidas certas, no momento certo e nas doses certas".
O país continua a apostar na sua principal fonte de rendimento: o turismo. na imagem: Stand de Cabo Verde na Feira Internacional de Turismo em Berlim (2011)
Onde se sente a crise
Olavo Correia contrapõe este argumento afirmando que "a nível macro-económico não houve uma compreensão automática" da crise por parte do governo caboverdiano. Olavo Correia enumera alguns aspetos que, a seu ver, mostram que Cabo Verde está em crise: "Em primeiro lugar tem havido uma redução muito forte do investimento direto estrangeiro".
Até mesmo a procura de imóveis no mercado imobiliário turístico, que tinha tido um grande impacto na dinâmica do crescimento económico do país, está "estagnada, o que tem consequências a nível do emprego". Olavo Correia acrescenta ainda que o acesso ao financiamento a empresas é "cada vez mais difícil e mais restrito", tal como "o acesso ao governo tem sido cada vez mais dificultado."
Restrições orçamentais
Olavo Correia avisa que Cabo Verde vai viver nos próximos três anos grandes restrições orçamentais. De acordo com o antigo governador do Banco Central, o país fez recentemente uma estimativa reduzindo a perspetiva de crescimento económico para valores na ordem dos 5%, quando tinha uma perspetiva anterior na ordem dos 6%".
 
Ministra das financas de Cabo Verde
 
Cristina Duarte reconhece que durante o primeiro semestre de 2011 houve uma "diminuição em cerca de 27% do investimento direto estrangeiro e esta cada vez mais a aumentar", fluxo importante a nível "da nossa balança de pagamentos."
Instrumento de combate à crise
A Ministra das Finanças tinha esperanças no Orçamento do Estado de 2012 como uma luz ao fundo do túnel.  Contudo nao surtiu efeito. E o de 2013 e mais agravante. "O primeiro objetivo, infelizmente, é que o orçamento continue a ser o instrumento mais importante de combate à crise internacional", afirma.
"Os cabo-verdianos têm de compreender" que o país está num período de contenção de despesas
No entanto, Cristina Duarte apela à compreensão dos cabo-verdianos dizendo: "Estamos num período de contenção de despesas. Eu acho que as famílias cabo-verdianas têm de compreender isto."
Reflexo da crise no ensino superior
 
As familias cabo-verdianas ja tomaram a consciencia da crise. Pois, alguns pais cujos os filhos estavam a frequentar o ensino superior fora do pais ja providenciaram o seu regresso mesmo antes da conclusao do curso. O facto deve-se a perda do poder economico de apoio aos pagamentos dos custos inerentes. Por outro lado, ha aqueles que procuram alternativas nas universidades no pais. A aluna  Andreia do quarto ano do curso de Ciencias da Comunicacao, vertente da publicidade e um exemplo. Ela estava no Recife - Brasil quando foi informado pelos pais que regressaria ao pais o mais breve possivel. Ainda ha outros alunos que abandonam as universidades e procuram integrar-se no mercado de trabalho do pais onde se encontram.
 
Mesmo nas universidades nacionais a situacao da crise e visivel. Pois, Anilson, aluno finalista da mesma turma que a Andreia, fez nos saber que a situacao dos estudantes nas universidades equipara-se aos campionatos eliminatorias de footbol. Comecaram com cerca de sessenta alunos e no ultimo ano sobram apenas vinte alunos, a maior parte das desistencias deve-se a falta de recursos financeiros para suportar o pagamento das propinas.
 
Reitor da Unipiaget
A crise nas Universidades  
 
O Reitor da Universidade Jean Piaget lamenta algumas medidas regurosas que foram tomadas, causando alguns constrangimentos aos alunos sobretudo aqueles que pagam normalmente as propinas das frequencias e que por infelicidade nao conseguirem a tempo o montante da propina do ultimo mes que antecede o mes dos exames e acabam por ser apanhados pela tabela e nao sao permitidos a realizarem exames. A situacao e constrangedora mas a instituicao tem os seus compromissos financeiros de funcionamento e sobretudo com os professores quem lidam directamente com os alunos.
 
A FICASE, entidade da accao social apresenta algumas medidas de luta contra a crise
 
A doutora Elizabete, uma dos administradores da Fundacao e responsavel pela concessao de bolsas de estudo para o ensino superior  e apoio no pagamento das propinas informa que uma das medidas de combater a crise e apoiar os jovens com bolsa de estudos para a formacao, no sentido de que cada um possa criar o seu proprio emprego. Nesta perspectiva, um jovem formado constitui por si so um instrumento de luta contra crise e potencial promotor de actividades geradoras de emprego. Assim a fundacao, para alem de atribuir bolsas de estudo aos alunos que reunem os requisitos exigidos para tal, ainda, em parceria com as universidades apoiam no pagamento das propinas de alguns alunos.  
 
Sabino Baessa

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